Atual vice-governador do Estado, Iberê Ferreira de Souza (PSB) já foi definido como candidato da base governista à sucessão da governadora Wilma de Faria nas eleições de 2010. A partir de abril, o pessebista assumirá o governo do Estado com vários desafios a serem vencidos. Na entrevista a seguir, Iberê mostra a visão administrativa que tem sobre o Rio Grande do Norte, discorre sobre as perspectivas políticas para 2010, a redistribuição do ICMS e as primeiras ações que irá implantar quando assumir o governo.
Allan Darlyson (Correio da Tarde) — Vice-governador, agora como candidato ao governo declarado pela base da governadora Wilma de Faria (PSB), o senhor acha que sua candidatura terá um crescimento maior do que foi apresentado até agora nas pesquisas de opinião?
Iberê Ferreira de Souza — Esse posicionamento da governadora Wilma confere mais força ao nosso projeto político, uma vez que ela é a chefe maior do Estado e atualmente a maior liderança do Rio Grande do Norte. Como eu disse em outra oportunidade, agradeço pelo voto de confiança e pretendo me dedicar para honrar esse compromisso.
Iberê, o Orçamento Geral do Estado para 2010 deverá ser aprovado ainda neste mês, na Assembleia Legislativa (AL). O senhor, como gestor que vai administrar este orçamento, teve participação na proposta do governo? Quais serão as prioridades da administração estadual para 2010, previstas em orçamento?
Sim, claro que dei minha colaboração na proposta do orçamento. Afinal, sou vice-governador e parceiro da governadora Wilma. O planejamento do governo é único. Ele é planejado e executado por mim e pela governadora com o objetivo de cumprir as metas dessa gestão e promover o desenvolvimento econômico e social, mas é óbvio que ela, como Chefe do Executivo Estadual, tem a palavra final. Tem o comando. Com relação às prioridades para a administração em 2010, tenho dito sempre que vamos centrar nosso foco nas áreas de saúde e segurança pública, sem esquecer os outros setores.
Vice-governador, como o senhor avalia a administração de Wilma de Faria até o momento?
Nestes sete anos, a governadora Wilma conseguiu melhorar os índices sociais e econômicos do nosso estado. E um governo que tem a aprovação de 69% da população, segundo a pesquisa do IBOPE, mostra que está seguindo o caminho certo.
O que vai permanecer e o que vai mudar no governo a partir de abril, quando o senhor assumir a administração estadual?
Eu tenho dito que nem os dedos das mãos são iguais. Então, é óbvio que o governo Iberê não será igual ao governo Wilma. No entanto, ressalto que sou parceiro da governadora Wilma e trabalhamos em sintonia. Por isso, eu darei continuidade ao que está dando certo, mas vou delinear as ações de acordo com o meu estilo.
Quais são os planos do senhor para gerir o Estado? Quais as prioridades?
Eu tenho um compromisso com a excelência no serviço público, e quero que todas as áreas estejam balizadas neste pensamento. Mas vou centrar atenção maior na segurança e na saúde. Os problemas relacionados a esses dois setores não são uma exclusividade do Rio Grande do Norte, mas sim de todo o país. Então é necessário que a saúde e a segurança recebam um tratamento diferenciado.
Definido como candidato da governadora, o senhor tem o desafio de unir a base governista em torno do seu nome. Como estão as conversas com o deputado federal João Maia?
Sempre tive conversas positivas com o deputado federal João Maia. Ele é um homem que tem espírito público, sempre colocando o desenvolvimento do RN à frente de seus interesses pessoais. Tenho muita afinidade de ideias com o deputado João Maia. É bem mais fácil conversar com pessoas assim e acredito que essa união fortalecerá a nossa candidatura.
E com Robinson Faria, como é sua relação hoje?
Nunca deixei de conversar com o deputado Robinson Faria, no entanto, atualmente os encontros têm sido menos freqüentes porque, como todos sabem, ele enfrenta problemas de saúde na família e precisamos respeitar isso. Mas acredito que chegaremos a um consenso, já que ele é integrante da base governista e tem compromisso com o que é melhor para o nosso Estado.
Apesar da afinidade de Henrique com o governo Wilma de Faria, o senador Garibaldi Filho (PMDB) insiste no apoio à senadora Rosalba Ciarlini. O senhor tem preferência quanto ao segundo voto para o Senado?
Hoje eu só tenho um voto para o senado, que é para a governadora Wilma de Faria.
Atualmente, os pequenos municípios estão travando uma verdadeira guerra na Assembleia Legislativa para mudarem a distribuição do ICMS no Estado, aumentando o percentual dividido igualitariamente. Qual é sua posição quanto à proposta de mudança na distribuição do imposto?
Essa discussão do ICMS não é um problema do Governo do Estado, é um assunto em pauta na Assembleia Legislativa. Mas o governo interferiu nesse impasse, garantindo compensar as perdas de arrecadação dos municípios pólos, que terão recursos abreviados. Desta forma a arrecadação desses municípios em 2010 será no mínimo igual à de 2009.
Alguns deputados propõem que o Estado ceda 1% dos 75% que administra para dividir entre os municípios. O que o senhor acha da proposta?
Esse projeto é inconstitucional, uma vez que essa mudança só poderia ser feita pelo Congresso Nacional.
O deputado estadual Getúlio Rego o acusou de utilizar a secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, da qual o senhor é titular, para fazer campanha antecipada, com a realização de bingos. O senhor acha a acusação justa?
O que estamos fazendo no Alto Oeste é a maior obra de recursos hídricos do Rio Grande do Norte. E nós temos a responsabilidade de, antes de levar o sistema adutor para a região, realizar mobilizações para garantir a consciência ambiental. Aliás essa é uma exigência do Banco Mundial, que financia a obra. Muito me estranha que o deputado Getúlio Rego, que é da região Oeste, esteja insatisfeito com a realização de uma obra que vai beneficiar a população de 26 municípios e 65 comunidades rurais naquela região.
A senadora Rosalba Ciarlini é tida hoje como candidata imbatível, pela posição que ocupa nas pesquisas. O senhor acha possível derrotá-la em 2010?
Em 2005, Garibaldi Filho também era considerado imbatível. Um ano antes da campanha, ele tinha quase o dobro da preferência do eleitorado, segundo as pesquisas. Outro exemplo que posso citar é do ex-senador Fernando Bezerra, que em 2003 aparecia isolado dos demais candidatos. Se for por aí, acho que eu estou muito bem colocado e as expectativas são muito boas.
No cenário nacional, existe a possibilidade de lançamento da candidatura do deputado federal Ciro Gomes à presidência da república contra a candidata do Planalto, ministra Dilma Roussef. Como o senhor avalia esse cenário?
A determinação de nosso partido, o PSB, é que em 2010 seguiremos a orientação do presidente Lula, que está acompanhando e monitorando a candidatura do deputado Ciro Gomes. O governo do presidente Lula tem revolucionado diversas áreas através de suas ações sociais e econômicas. E ele sempre se mostrou um parceiro do Governo do Rio Grande do Norte, prestando apoio a projetos e obras. Não vamos abandonar essa parceria.
Segurança e saúde são dois pontos críticos que o senhor terá que enfrentar a partir de abril. Como o senhor avalia as ações do governo nessas áreas e o que fará diferente da atual gestão?
Os problemas na segurança e na saúde não são exclusividade do Rio Grande do Norte, mas sim uma questão nacional. O governo Wilma tem realizado diversas ações em busca da melhoria nessas duas áreas. Eu sou parceiro da governadora e nós sempre trabalhamos em sintonia. Algumas medidas já foram adotadas para garantir, por exemplo, o reforço na segurança. A convocação de 650 suplentes do concurso para a Polícia Militar e a incorporação de mais 700 homens, além da aquisição de mais viaturas são exemplos. A partir de abril vamos intensificar as ações de prevenção e repressão às drogas e vamos ter novas determinações, mas o que já estiver em andamento e der resultados será mantido.
