O primeiro debate entre os candidatos ao governo do Rio Grande do Norte, transmitido ontem pela Band local, foi marcado pelo embate direto entre o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo (PDT) e a senadora Rosalba Ciarlini (DEM). Em segundo plano, o destaque ficou por conta dos ataques de Sandro Pimentel (Psol) ao governador Iberê Ferreira (PSB) e à democrata. O candidato do PTC, Roberto Ronconi, adotou uma postura pacífica.
Logo na primeira pergunta direta envolvendo eles, houve o primeiro embate. Rosalba questionou Carlos Eduardo sobre a opinião dele em relação ao projeto "Cidadão sem Fome", que consiste na troca de notas fiscais por cestas básicas. Aparentemente, Rosalba esperava que o candidato do PDT fosse criticar o atraso no pagamento dos fornecedores de cestas para o programa, que é desenvolvido pelo Governo do Estado. Mas Carlos surpreendeu.
Ao responder a pergunta, o ex-prefeito de Natal declarou que, se eleito governador, vai priorizar a geração de emprego e renda para o cidadão e não a distribuição de cestas básicas. "O cidadão tem que ter oportunidade de trabalhar e viver à custa do seu trabalho. Vamos criar cursos profissionalizantes e investir na geração de emprego e não deixar as pessoas dependentes de cestas básicas", prometeu.
Na réplica, Rosalba criticou a forma como o governo vem tratando o projeto - criado pelo deputado estadual Robinson Faria (PMN), seu vice - e elogiou a iniciativa. "O Cidadão sem Fome ajuda instituições de caridade e estimula o cidadão a pedir a nota fiscal. Faz um ano e quatro meses que o governo não repassa o dinheiro para o projeto. Quando eu assumir, vou manter e ampliar", afirmou.
O segundo "round" começou com uma pergunta do ex-prefeito para a senadora. Carlos questionou Rosalba sobre uma ação movida pelo DEM contra a criação do Programa Universidade para Todos (Prouni). O pedetista quis saber o motivo de a senadora e seu partido terem tentado impedir o progresso do programa. No tempo destinado para a resposta, a candidata do DEM defendeu o programa do governo Lula (PT).
A resposta de Rosalba acirrou os ânimos. "A senhora deveria ter manifestado essa opinião na época em que o seu partido, o DEM, entrou com uma ação contra o Prouni. Mas chegar e dizer que é a favor somente agora, em época de campanha, é enganação. Eu não acredito nas suas intenções", rebateu Carlos Eduardo. A democrata se defendeu. "Sou a favor do Prouni. O povo do Rio Grande do Norte me conhece e sabe que não estou aqui para enganar", enfatizou.
A metralhadora de Sandro
O que também chamou atenção no debate foi a postura de Sandro Pimentel, que atacou Rosalba e Iberê nas oportunidades que teve. O candidato disse que a senadora de fez uma administração incompetente, como prefeita de Mossoró; criticou a atuação da candidata como senadora nos últimos quatro anos; e ainda acusou a democrata de utilizar dinheiro público para viajar com a família. Rosalba pediu direito de resposta em duas ocasiões, mas a produção do programa negou.
O governadorável do Psol também "atirou" contra Iberê. Sandro criticou o governo nas áreas de Saúde, Segurança, Educação e Infraestrutura. Além disso, questionou o fato de o governador ter ido se tratar do câncer em São Paulo. "O governador tem viajado bastante, inclusive para São Paulo, onde fez o tratamento contra o câncer. Se dependesse dos hospitais públicos do Estado, o senhor tinha morrido. Nossa Saúde está em estado de putrefação", finalizou.
Considerações finais
Durante o último bloco, os candidatos tiveram dois minutos e meio para as considerações finais. O primeiro foi Iberê, que encontrou uma maneira de nacionalizar a campanha. O candidato propôs que os demais concorrentes expusessem suas posições em relação ao pleito presidencial.
O governador e Carlos Eduardo declararam voto na presidenciável do PT, Dilma Roussef. Sandro Pimenteu defendeu a candidatura de Plínio Arruda (Psol). Ronconi disse que os presidenciáveis até agora só mostraram demagogia e que, por isso, não votará em nenhum.
A expectativa ficou por conta de Rosalba Ciarlini, última candidata a se pronunciar. Ela ignorou o pedido do pessebista e não citou seu candidato a presidente. Questionada sobre o motivo de ter escondido seu apoio presidencial, Rosalba disse que faltou tempo suficiente. "Você tem dúvidas de que meu candidato é José Serra (PSDB)?", perguntou a candidata à nossa reportagem.
Candidatos elogiam debate, mas reclamam de falta de tempo
Após o debate, nossa equipe de reportagem ouviu os três principais candidatos sobre o primeiro confronto direto entre eles.
Carlos Eduardo reclamou da falta de tempo para divulgar suas idéias. "Nós falamos algumas coisas. Mas espero que os próximos debates tenham mais tempo, para que possamos falar mais sobre o que pretendemos fazer pela população do Rio Grande do Norte. Temos um plano de governo elaborado em conjunto com a sociedade, tendo a participação de técnicos especializados das universidades. É um programa que gostaria de ter mais tempo para conversar com os eleitores", declarou.
Rosalba Ciarlini elogiou a iniciativa da Band, mas questionou a decisão da emissora de não conceder dois direitos de resposta pedidos por ela quando foi criticada por Sandro Pimentel. "Não entendi porque não foi me dado o direito de resposta. Foram ditas inverdades e agressões contra mim. Mas é sempre bom o debate para mostrar nossas idéias. Só acho que o tempo deveria ser maior, para que tivéssemos como mostrar melhor nosso plano de governo", declarou.
Iberê Ferreira gostou da oportunidade, mas foi mais um a lamentar o pouco tempo. "Minha avaliação foi positiva. Bem organizado, o debate. Acho que a equipe da Band deveria se reunir e dar uma oportunidade maior para se discutir o Estado. Achei o tempo muito limitado. Eu só tive direito a uma pergunta", reclamou. Ao CORREIO DA TARDE, o governador revelou a pergunta que queria ter feito, mas não teve oportunidade de fazer. "Eu queria ter tido a oportunidade de perguntar a Rosalba sobre seu voto para presidente. Eu acho que o Rio Grande do Norte todo quer saber", disse.
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