terça-feira, 1 de setembro de 2009

Marina Silva chega ao PV ovacionada

Muita emoção e entusiasmo marcaram a cerimônia de filiação da Senadora Marina Silva ao Partido Verde (PV), no último domingo (31), em São Paulo. A cerimônia contou com a presença de mais de 1.500 verdes de todo o país, entre eles, a prefeita de Natal, Micarla de Souza (PV), e o presidente do diretório municipal da legenda, vereador Edivan Martins.

Assim que a senadora chegou com a família ao bufê Rosa Rosarum, um dos mais tradicionais de São Paulo, foi ovacionada pelos militantes. A ex-ministra foi recebida em clima de comício pelos novos colegas de sigla. Um vídeo com trechos da trajetória de Marina foi transmitido no início do evento.

Além dos deputados federais Fernando Gabeira, José Sarney Filho e Edson Duarte (líder da bancada do PV na Câmara), faziam parte da mesa Micarla de Sousa, o presidente nacional do PV, José Luiz Penna e o vice do partido, Alfredo Sirkis. O escritor Augusto Cury também confirmou sua filiação ao PV.

Estavam presentes ao evento o ministro da Cultura, Juca Ferreira e Catherine Grèze, representante da federação dos partidos verdes da Europa e outros parlamentares brasileiros, além dos artistas Cristiane Torloni, Vitor Fasano e Paulo Jobim, filho de Tom Jobim.

A prefeita de Natal fez questão de ressaltar a importância das mulheres no partido. “O PV é um partido com alma feminina, onde a mulher faz a diferença. Estamos preparados para mudar a política de educação, saúde e segurança”, discursou a presidente do PV no Rio Grande do Norte.

Micarla de Sousa, que fez o segundo discurso mais aplaudido da ocasião, perdendo apenas para o da ministra, destacou a importância das pessoas decentes na política. “O partido não se preocupa apenas com a questão ambiental. Precisa dar respostas e atuar na saúde, educação, desenvolvimento econômico sustentável”, finalizou gestora, única representante do PV em prefeitura de capital.

Candidatura

Sob os gritos de "Brasil urgente, Marina presidente!", a senadora reafirmou que ainda não tomou decisão sobre uma possível candidatura presidencial: “Me sinto honrada com o convite para ser candidata a presidente, mas essa decisão é para 2010” afirmou a ex-petista.

A senadora ressaltou que, se for candidata à sucessão presidencial, usará como plataforma política as questões ambientais. Para ela, o Brasil tem condições de conciliar o crescimento econômico e o desenvolvimento social com a sustentabilidade.

Críticas ao presidente

O vice-presidente do PV, Alfredo Sirkis, completou a posição da senadora, que não pretende falar das eleições de 2010 nesse ano, dizendo que, quando Marina diz que sua candidatura será decidida de 2010, é uma resposta contrária à antecipação da campanha eleitoral feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já definiu seu apoio ao nome da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Na visão de Sirkis, Lula prestou um desserviço à sociedade brasileira ao antecipar o processo eleitoral. “Assuntos importantes que deveriam ser debatidos no País foram deixados de lado por causa da campanha a presidente” criticou um dos fundadores do PV no Brasil.

Durante o evento, além de Marina Silva e Augusto Cury, o PV recebeu a filiação do ex-deputado federal Luciano Zica, do ex-presidente do IBAMA, Bazileu Margarido, do sociólogo Carlos Novaes, do físico e ex-diretor do Greenpeace no Brasil, Roberto Kishinami, entre outros. E ainda mais de 200 pessoas que preencheram o cadastro de pré-filiação no site do PV.

Decisão tomada

O Presidente Nacional do PV, José Luiz Penna, afirmou que a decisão tomada na Executiva Nacional é que os verdes terão uma candidatura presidencial em 2010 e que Marina é o nome preferencial e desejado. “Se a senadora quiser, será candidata, certamente. Mas vamos esperar o momento dela, a firmeza dela, para fazer isso” disse.

Penna também comentou que a possível candidatura presidencial Marina dependerá do "conforto" da ex-ministra. “Se for confortável para ela, nós a apoiaremos. Mas se ela se decidir por outra coisa, o partido vai definir outro nome. Se ela quiser ser a nossa candidata, será. Mas depende do conforto dela para enfrentar essa batalha. Para o PV, é um crescimento importante, mas mais do que isso, é a possibilidade de se fazer um projeto sustentável para o Brasil” acrescentou.

Muito aplaudido ao discursar, o deputado federal Fernando Gabeira reconheceu que o PV poderia ter crescido mais, "mas agora começa a se abrir uma nova oportunidade". Gabeira fez duras críticas ao momento na política.

“Esse tema (a ética na política) é importante porque nós temos no Brasil hoje um governo moralmente frouxo, um Congresso apodrecido e um Supremo Tribunal Federal em princípio de decomposição com a decisão tomada nesta semana” disse Gabeira.

“Nós não temos a pretensão de constituir um partido de pessoas infalíveis. Temos a pretensão de construir um partido de pessoas que, quando erram, reconhecem o seu erro, corrigem o rumo e reparam o que fizeram”, disse.

Gabeira ressaltou que o PV não deve ter receio de ser acusado de utilizar um discurso udenista. “Muita gente fala que falar de ética na política é coisa da UDN. Mas em 2002 apoiamos o PT e foi pela ética na política”, relembrou o deputado, que já foi do PT e deixou o partido após os escândalos de corrupção envolvendo o mensalão.

Gabeira lembrou que 9 milhões de crianças no Brasil vivem sem saneamento básico e disse que o partido precisa apresentar também uma proposta para reduzir a violência no País. "O PV tem de dizer alguma coisa sobre a violência urbana, tem de propor um caminho", cobrou.

Ao dar as boas-vindas à senadora Marina Silva, Gabeira voltou a citar a necessidade da ética na política e da importância da liberdade do debate de ideias. “A entrada da senadora Marina Silva no PV introduz a 'cláusula de consciência' no nosso programa. O partido jamais vai violentar a consciência de qualquer militante.

Seremos um partido rigoroso com os desvios, mas seremos tolerantes com a consciência humana, que é a luz que manterá o partido vivo”, concluiu.

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